sábado, 6 de setembro de 2008

Pasmem


Outro dia estava conversando com alguns amigos sobre assuntos que consideramos importantes no contexto das organizações, quando de repente o colega João, me fez uma abordagem acerca de um tema que anda meio esquecido atualmente. Senti-me então estimulada a compartilhar o meu ponto de vista sobre este assunto que considero bastante instigante, pois trata da reação das pessoas diante das mais variadas situações. O tema em questão era “A Capacidade de Pasmar”.
A palavra pasmo deriva do latim spasmu e este do grego spasmós, significando espanto, admiração, assombro. O verbo pasmar significa 1. causar pasmo ou admiração a. 2. ficar estupefato, assombrado, admirado, sobressaltado.
Acredito que vários são os motivos que contribuem para que o termo esteja em desuso. Para início de conversa, basta dar uma olhada mais apurada a nossa volta para percebermos de que maneira as pessoas estão passando pelas situações ou com qual embalagem as coisas estão sendo apresentadas às pessoas. Por incrível que pareça, acho que parte disso tudo se deve às facilidades e as circunstâncias com as quais as coisas nos são postas. As inovações tecnológicas surgem a cada dia, objetos vão sendo substituídos por outros quase instantaneamente, e até as relações entre as pessoas ficam comprometidas. Os pasmos ocorrem de diversas maneiras, tanto nos aproximando (admiração) como nos distanciando da realidade (temor, tormento, aflição, desprezo). A correria diária, o mundo competitivo que escolhemos para viver, os absurdos que recheiam os jornais e programas de TV, a violência urbana, as desigualdades sociais, o descuido com a própria natureza, hoje são tão comuns, que aos poucos vão nos tirando a capacidade de admiração ou espanto, o que demonstra uma certa desatenção em torno de um cenário que nós mesmos criamos. E seguimos nessa corrida desenfreada em direção a um lugar ainda desconhecido, mas que todos almejamos chegar, não se sabe quando nem de que maneira. Os “cem metros rasos” são a nossa marca registrada. Mas onde é que ficam a simplicidade, a admiração, o tempo gasto com os detalhes, a singeleza, o olho no olho, os pequenos gestos, a conversa demorada, a pureza da alma que só as crianças carregam tão bem dentro de si? Deixo aqui a reflexão e o convite para resgatarmos a nossa “Capacidade de Pasmar”, não no sentido do afastamento da realidade ou bloqueio do conhecimento, mas sobretudo da aproximação na busca do verdadeiro sentido das coisas.

2 comentários:

Anônimo disse...

O tempo do verbo não importa pode ser no pretérito perfeito pasmei, pretérito imperfeito pasmava, futuro pasmarei, futuro do pretérito pasmaria, pretérito imperfeito pasmasse ou simplesmente futuro pasmar. O certo é que a capacidade de pasmar está em desuso e precisa ser posta novamente em evidência. Valeu por ter aceito a sugestão. Informo mais, aguarde novas sugestas.

João Barbosa

Anônimo disse...

Achei muito válido este texto pois nos põe a refletir. E pensei logo em situações que presenciamos de pessoas sendo groseiras, cheias de si! E onde ficam o bom tratamento às pessoas? Pasmo,Pasmei e sempre pasmarei quando presencio ou as pessoas tem minha solidariedade quando passam por este tipo de situação. Na última que tive que ouvir, pensei: como se desarma na hora uma pessoa que foi grosseira, ríspida com você ou outrem? Sem deixar que isto gere mágoa, vire pessoal? E muitas coisas a realizar são prejudicadas por estes acontecimentos.