sábado, 28 de março de 2009

O Paradoxo da Rotina

Há quem defenda fortemente a rotina, já que ela pode proporcionar uma sensação de bem estar num contexto onde tudo é previsível. Fazer as mesmas coisas todos os dias: acordar, abrir a janela, tomar um café, sair às compras, conversar com amigos, ir ao trabalho (quando há trabalho), voltar para o aconchego do lar no final do dia, e dormir o sono dos justos, são tarefas corriqueiras na vida de qualquer ser humano dito normal.
Porém, há aqueles que abominam qualquer espécie de repetição, pois acreditam que os atos repetitivos robotizam as pessoas. Basta um simples toque no piloto automático e pronto... lá se vai à vida nos levando. A verdade é que a rotina nos pertence e não podemos extingui-la por completo. Até a natureza que é sábia, nos brinda diariamente com a sua rotina.
Entretanto, o que mais me impressiona na rotina é o fato dela muitas vezes roubar a nossa visão genuína das coisas. E essa cegueira momentânea nos impede de apreciar tantos seres, atributos, paisagens, situações, que a princípio nos pareciam extremamente raros. É a força do hábito. De tanto vermos e repetirmos determinadas cenas, elas acabam perdendo a relevância de antes. São muitos os exemplos que nos cercam: a violência urbana, a pobreza inexorável, o trânsito caótico, com o tempo se tornam parte do nosso cotidiano, obscurecendo a nossa indignação e perplexidade, diante do que antes era inaceitável.
Quando muitos casais são questionados sobre o motivo da sua separação, uma das respostas mais recorrentes é sem dúvida a rotina, que acaba esfriando as relações.
Nas empresas a história não é diferente. A solução daqueles problemas de ordem estrutural, detectados há algum tempo, foi sendo postergada até o ponto de entrar no esquecimento. Muitas coisas são deixadas para amanhã. Redimensionamento de equipes, de produção, criação de um sistema de controle eficaz, alteração no layout, e outras tantas providências não tomadas, acabam por deixar que as empresas recaiam nos mesmos erros que a própria rotina empresarial não permite enxergar. Neste caso vale à máxima que diz que o “santo de casa não faz milagre”. Desse jeito não faz mesmo, porque ele está míope. Chamar alguém de fora para dar uma chacoalhada, nessas horas funciona. A possibilidade de visualizar e corrigir as falhas na estrutura, com isenção dos malefícios que a rotina imputou durante todos estes anos de marasmos, torna-se muito maior, quando se permite este olhar de fora para dentro.
Com isso podemos concluir que em certas circunstâncias a rotina conduz a mesmice, e esta inalterabilidade, não acrescenta nada e nem nos impulsiona a alçarmos vôos mais ousados.
Sendo assim, torna-se imperativo diferenciarmos a rotina que eleva a nossa alma, daquela que nos deixa cegos, sem atitude e sem bengala.
O que você acha disso?

2 comentários:

Luiz disse...

A rotina nos tempos atuais não pode ser vista como uma coisa boa, pois o mundo está em constantes mudanças, a tecnologia cresce a cada dia e quem não a acompanha pode se tornar obsoleto para as organizações, muitos já perderam seus empregos por não acompanhar as mudanças e fazerem sempre as mesmas coisas do mesmo modo. Terão agora que passar por um programa de reciclagem ou até aprender novas profissões.
Quando uma pessoa faz sempre a mesma coisa ela cria uma zona de conforto que lhe impede de arriscar em novas oportunidades assim deixa de ser criativa se tornando apenas uma pessoa muito eficiente no que faz, mais até quando o que ela faz terá a mesma utilidade? A inovação tem sido muito valorizada, pois é algo que está fora do imaginado, ou seja, está fora do rotineiro.

Há um ditado que diz que as pessoas só dão valor a coisas importantes quando a perdem, olhando por outro lado percebemos que quando algo saí da vida rotineira do individuo deixa um vazio que logo pode ser sentido. Por isso muitos sábios nos orientam a viver intensamente o presente, pois quase sempre esquecemos de dizer ou demonstrar para as pessoas o quanto gostamos delas e a importância que elas tem para nós, perdemos assim a oportunidade de tornar não só a nossa vida mais também a de outros muito mais feliz.

Anônimo disse...

Olá, me chamo Fábio.

nos últimos dias tenho me perguntado o que vale a pena fazer na vida para deixarmos algo de bom e relevante, será que só plantar árvores, fazer filhos e escrever livros é o suficiente - o que realmente está em jogo.

não consigo aceitar que durante a nossa curta trajetória pela vida, não conseguiremos ver tudo que gostaríamos de ver e de ter tudo que gostaríamos de ter.

alguns dizem que felicidade é desejar o que já temos e que sucesso é alcançar o que almejamos.

gostaria de encontrar a verdade das coias, esta verdade subjetiva que vivemos - a única constante é a mudança.

e o mais curioso de tudo é que amanhã posso achar estas palavras totalmente estranhas e talvez que perguntar por que escrevi isto.


não podemos pisar no mesmo rio duas vezes nem conversar com a mesma pessoas duas vezes pois ambos mudarão.

grande abraço

Fábio Rodrigues