O mundo tem passado por transformações tão gigantescas, que o nosso raciocínio já não consegue acompanhar com a velocidade necessária, por mais que nos esforcemos, devorando livros, vendo o noticiário, percorrendo os meandros da internet, apurando a visão para perceber melhor tudo o que gira ao redor. Apesar dos inquestionáveis benefícios que a era moderna nos traz, a nossa paciência vem se exaurindo pouco a pouco, diante da infinidade de dúvidas que surgem em torno das novidades, e a urgência em querermos atender as nossas necessidades de forma cada vez mais acelerada. A espera virou sinônimo de aborrecimento, porque não se admite mais, com tantas recursos inovadores disponíveis, ainda termos que amargar horas em filas, receber encomendas que não chegam no tempo previsto, trânsito absolutamente caótico, computador que demora mais de 05 segundos para passar de uma tela para outra... Estamos mesmo ficando intolerantes, ou será que neuróticos?
Minha máquina está um tanto quanto lenta ultimamente, e já tratei de contratar uma banda larga mais robusta. Acho que com uma velocidade de quatro mega está de bom tamanho, não é mesmo? Pelo menos por enquanto. A hora deixa de ser o referencial de tempo, pois o que vale são os milésimos de segundos, na cultura do instantâneo.
E ainda existe essa enxurrada de informações que temos que digerir todos os dias, sob pena de ficarmos perdidos na terra ou no espaço, caso não façamos um processamento adequado, de tudo aquilo que nos transborda a mente.
Performance, metas heróicas, concorrência, produtividade e excelência, tornam-se palavras essenciais no vocabulário de qualquer empreendedor de sucesso. Mas será que, mesmo com tudo isso, estamos consumindo produtos de qualidade inquestionával, ou continuamos no mundo dos descartáveis? Tudo vai depender do valor percebido por quem compra e consome.
As relações entre as pessoas também acabam se tornando perecíveis, diante de um consumismo exacerbado, onde vale mais quem tem mais. Torna-se urgente a revisão de alguns conceitos e valores, antes que os números e as aparências se sobreponham aos sentimentos, e acabem soterrando o que há de mais essencial no ser humano: a capacidade de amar e de se emocionar com as coisas mais simples da vida.